Modalidades da dança do ventre

Espada – Simboliza o elemento terra e enfatiza a mulher guerreira. A bailarina demonstra calma e confiança ao equilibrá-la em diversas partes do corpo. Combina os movimentos da dança com o manuseio desse instrumento. Dança apropriada para apresentações que objetivam enfatizar a técnica e a força da bailarina.
A espada pode ser equilibrada na cabeça, mãos, cintura, busto, abdômen e na perna, enquanto a bailarina dança. Também podem ser realizados movimentos com a espada no ar e outros movimentos característicos da dança do ventre, como oitos, redondos, ondulações e shimis, além de movimentos no chão.
Geralmente é dançada em um ritmo mais lento, podendo a música apresentar algumas partes rápidas. A espada da dança é a cimitarra, uma espada bem curva, de origem turca. É uma das coreografias preferidas das bailarinas para demonstrar equilíbrio e coordenação motora.

Punhal – Simboliza o elemento terra e  é uma variação da dança com a espada. O desafio para a bailarina não é a demonstração de técnica, mas sim a de sentimentos. Dança interpretativa com movimentos lentos. Geralmente a bailarina entra com o punhal escondido na roupa e no meio da dança o retira, dançando com ele. Ela faz desenhos no ar com o punhal e às vezes o prende em algumas partes do corpo, como na boca, na cintura ou no peito. Às vezes no meio da dança uma ou mais bailarinas podem simular uma luta com o punhal.
Para esta dança, usam-se mais músicas não muito aceleradas e que tenham um certo grau de mistério. Pelo punhal ser um objeto que representa combate ou defesa, a dança pode acompanhar tal sentimento, ou seja, de alguém se defendendo, numa dança forte, carregada de sentimentos, bem expressiva. Surgiu nos haréns da Turquia entre 1600 e 1700, época em que os mouros raptavam as mulheres a mando do Sultão da Turquia.

Véu – Simboliza o elemento ar e é de origem ocidental norte-americana. É extremamente popular, e mesmo os leigos na Dança do Ventre costumam entendê-la e apreciá-la. Enfatiza a feminilidade e mistério, evoca imagens do deserto, como a areia movimentada pelo vento. O véu na Dança do Ventre é como uma extensão dos braços da bailarina. Pode-se dançar com um único véu, com dois ou até nove. O véu é o principal elemento de entrada da dançarina, engrandecendo sua figura, chamando atenção para a sua chegada. A bailarina pode iniciar sua dança com um ou mais véus e depois jogá-los durante a dança. Esta dança exige equilíbrio, pois pede deslocamentos e giros. Também requer habilidade da bailarina, já que este objeto cênico se movimenta durante a dança. Na dança dos sete véus, o desvendar dos véus significa a descoberta dos seus chakras. Cada cor de véu corresponde à energia de um chakra.
Véu Wings - Sua adaptação para a dança do ventre pode ter surgido a partir das imagens e rituais para a deusa Ísis, sendo que ela teria se transformado em uma ave para cantar suas lamentações. É uma técnica originalmente americana, que utiliza um véu em formato de asa. Para dançar com o véu wings são fundamentais uma ótima postura e força nos braços para que os passos saiam bem executados ao mesmo tempo em que leves.
Véu Leque - A dança que conhecemos por Fan Veil, ou véu leque, pode ter sua origem na dança oriental coreana e japonesa, Buchaechum (coreana) e a Odori (japonesa). A dança com o véu leque seria uma combinação da dança oriental com a dança do leque coreana Buchaechum, sendo que foi adaptado um véu de seda pura ao leque para dar ênfase aos movimentos. O fan veil começou a aparecer na dança do ventre por volta de 2003, época em que vários grupos de dança chinesa começaram a se apresentar com frequência nos EUA, o que pode ter influenciado as praticantes da dança do ventre a fazerem essa fusão.
Candelabro - Elemento original egípcio utilizado no cortejo de casamento, para iluminar a passagem dos noivos e dos convidados. Dança-se, atualmente, como uma representação deste rito social, utilizando o ritmo zaffa. Simboliza o elemento fogo e deve ser apresentada com iluminação especial (penumbra). Vestido ou figurino tradicional com ventre coberto. É comum que uma bailarina entre como em um cortejo à frente dos noivos, dançando com o candelabro. Desta maneira ela procura iluminar o caminho do casal, como uma forma de trazer felicidade para ele. É uma dança que serve para celebrar a vida e a união entre as pessoas. É importante que a música seja lenta, pelo menos na maior parte do tempo, pois com o candelabro não é possível realizar muita variedade de movimentos rápidos. É uma dança que requer mais movimentos delicados e sinuosos, além de bastante equilíbrio.

Taça e vela - Variação ocidental da dança com candelabro, a bailarina realiza os movimentos segurando uma taça de vidro em cada mão, com vela acesa em seu interior. Dança em ritmo lento, com movimentos que enfatizam a luz proporcionada pela vela. Para isso, necessita-se de iluminação especial (penumbra). Simboliza o elemento fogo. A dança com taças é de origem egípcia. Dançava-se em ocasiões especiais como: batizados, casamentos e aniversários. As velas simbolizam a luminosidade para a próxima etapa ou começo da vida. A dançarina exterioriza sua deusa interior, fazendo do seu corpo um veículo sagrado e ofertado, utilizando o fogo das velas, que representam a vida.

Jarro - Simboliza o trajeto das mulheres em busca da água, o elemento representado. Dança marcada pela alegria e inocência da criança, apropriada para batizados e festas infantis. As danças folclóridas normalmente retratam os costumes ou rituais de certa região e por isso são utilizadas roupas diferentes das da dança do ventre clássica. O figurino adequado para esta dança são as túnicas. Os movimentos desta dança são alegres, descontraídos, animados. A bailarina faz movimentos com o jarro, além de colocá-lo algumas vezes sobre partes do corpo, como a cabeça, cintura e ombros. Os movimentos costumam englobar passeio no bosque segurando o jarro na cabeça com uma mão, ou fazendo movimento como se fosse pegar água do chão. Além disso, você pode brincar com ele, colocando ora nos ombros, ora fingindo que está bebendo água ou como uma oferenda aos deuses. Tudo de maneira graciosa e alegre. É necessário habilidade, equilíbrio e boa expressão facial.
A dança do jarro é uma dança folclórica Em que a bailarina representa a rotina das beduínas. Era executada em cerimônias presididas pelos faraós à beira do rio Nilo, para pedir ao rio que inundasse as terras em suas margens, possibilitando as plantações e as boas colheitas.

Bastão ou bengala - Dança folclórica do sul do Egito, podendo ser dançada com bastão simples ou duplo. Simboliza o elemento terra e representa a atividade rural do pastoreio ou a força das lutas. Os movimentos possuem muitos pulos e exigem habilidade da bailarina. O figurino para esta dança é o vestido (moderno) ou as túnicas (folclórico). Usa-se vestido nesta dança para lembrar as esposas dos pastores, os quais tangiam rebanhos com bastões e, ao final do dia, já na aldeia ou oásis, em volta das fogueiras, dançavam alegremente com suas mulheres.
A dança com bastão, Racks Al Assaya, é a versão feminina da dança chamada Tarhteeb (performance masculina). É uma dança realizada pelas mulheres para imitar a arte marcial do sul do Egito (região Saiid). O Saiid, originário do Alto do Egito, é uma música forte, mais caracterizada por aspectos rítmicos. Também realizada pelas Gawazys (dançarinas profissionais ciganas). É uma dança guerreira, caracterizada por movimentos fortes, precisos, com muitos saltos.
Durante a dança, a mulher apresenta toda a sua habilidade, equilíbrio e charme. As mulheres começaram a dançar de brincadeira nas festas apenas para satirizar os homens, mas esta dança folclórica acabou sendo introduzida nos grandes espetáculos de dança do ventre.

Pandeiro – Dança dos ciganos do Antigo Egito. O pandeiro é um acessório cênico utilizado pela bailarina enquanto dança e é tocado apenas em alguns momentos para fazer as marcações da música. As músicas alegres, animadas, ritmadas e bem marcadas. O figurino é o vestido ou o tradicional (top e saia). O daff é um pandeiro oriental, um pouco diferente do pandeiro que nós conhecemos. O pandeiro é um arco circular feito de pele esticada, que pode ser de animal, peixe e até mesmo sintética. Na sua armação, há cinco pares de címbalos duplos de metal (como os snujs) que, ao mexer no pandeiro, que emitem o som característico deste instrumento. O daff é mais leve e é tocado pela bailarina enquanto dança, acompanhando o ritmo da música.
Acredita-se que, no início, era uma outra pessoa que tocava para a bailarina dançar, mas, com o tempo, a própria dançarina passou a tocá-lo. Os ritmos mais rápidos são os mais apropriados para a dança com o daff, com a bailarina batendo o instrumento no corpo enquanto dança.

Snujs – São címbalos de metal, usados um par em cada mão. Um deles se prende ao dedo médio e o outro ao dedão por meio de um elástico. Representam o elemento ar e eram utilizados nos Festivais dos Deuses pelas sacerdotisas nos antigos templos, no Egito. Os snujs eram da Deusa Bast, aquela que possuía rosto de gato e era considerada a protetora das dançarinas. Era cultuada em todo o Egito, e na cidade de Bubast havia um templo gigantesco em seu louvor.
Este instrumento de percussão, quando tocado, traz vibrações positivas e retira maus fluidos do ambiente (miasmas). Para se tocar snujs, a bailarina tem que ter uma excelente noção rítmica e musical, caso contrário pode “se perder” durante a música e acaba se atrapalhando até nos movimentos corporais. Os snujs podem ser tocados durante toda a música, durante um certo trecho ou ainda serem tocados por um músico ao invés da bailarina.
O bom som produzido pelo snuj acontece quando se toca um no outro e logo em seguida o som ainda continua reverberando no ar. Ou seja, quanto mais o som se estender no ar, melhor é a qualidade do snuj.

Serpente - A bailarina dançava com uma serpente de metal (muitas vezes de ouro), pois este animal era considerado sagrado e símbolo da sabedoria. Atualmente, vê-se algumas bailarinas dançando com cobras de verdade, mas isto deve ser visto apenas com show de variedades, já que nem nos primórdios da dança o animal era utilizado. Justamente por ser considerada sagrada, a serpente era apenas representada pelos adornos utilizados pelas bailarinas e pelo movimento do seu corpo.
A Dança da Serpente está ligada ao simbolismo do bem e do mal, o contraste entre o consciente e o inconsciente. Na "Dança da Serpente" o profano e o sagrado são contemplados pela sua beleza. Ela representa a força e o poder de domar as dificuldades da vida e manter o equilíbrio. O encanto das dançarinas serpentes revela a luz aos outros, sem se perderem na sedução do poder.

Referências:

ATON, Merit (Mayra Moreira Vasconcellos). Dança do ventre, dança do coração. São Paulo: Editorial Espírita Radhu, 2000.
Estúdio de Dança Raks El Shark - Estela Cerwinski e Hind Saidhttp://www.hindsaid.com.br/d_ventre/bastao_bengala.htm

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